As obras de Maurício Ferreira levam a refletir sobre o sentido da criação estética. Suas obras geram um pensar o ato do fazer como uma ação que se afasta do esotérico ou divino e se concretiza em uma densa pesquisa do significado de ser humano. Trata-se de ver, em suas pinturas, sangue e carne, não no sentido literal, mas simbólico.
Sua composição, tonalidades, formas e uso de linhas e manchas remetem à História da Arte enquanto busca permanente por referências. Não existe, portanto, uma filosófica apresentação de sistemas ou doutrinas românticas fundamentadas na dor e no sofrimento como formas de conhecimento do mundo.
A sua arte é a das cores, dos desenhos, dos volumes e dos diálogos entre equilíbrios e desequilíbrios. A imaginação se faz presente, assim como a incorporação do acaso, mas dentro de uma instigante batalha interna para buscar aquilo que possa melhorar o próprio ser humano no sentido de atingir o belo enquanto ideal.
Não se trata de uma concessão ao chamado bom gosto, mas de um percurso que aproxima pintura e escrita como dimensões regidas pela procura pelo aprimoramento, pelo fascínio pela liberdade criativa e pelo o aperfeiçoamento das próprias concepções em cada novo trabalho, resultado dos conhecimentos anteriores e da procura por novos.
A arte de Maurício Ferreira comporta a dimensão musical de ser uma espécie de pássaro raro, aquele que canta e obriga o observador a navegar mentalmente em duas dimensões: para dentro de si, para ouvir melhor o som, e para fora, para ter a percepção como cada trabalho constitui uma distinta e renovada interpretação do mundo.
O artista participará da exposição coletiva Ocê Ano, do grupo Matilha, em Embu das Artes, São Paulo e Catanduva, no Estado de São Paulo, nos meses de agosto, setembro e outubro de 2023.
Oscar D’Ambrosio
@oscardambrosioinsta
Pós-Doutor e Doutor em Educação, Arte e História da Cultura, Mestre em Artes Visuais, jornalista, crítico de arte e curador